1.26.2010

Aprendizagens que se dão como visagens...


Por Jurupinga, ou Ju na pica, antiga Juliana Bueno


Sobre o piloto automático...

Por que será que nosso piloto automático ficou condicionado no caminho do medo (interrogação) Meu piloto automático me leva para caminhos errados e é bom que eu saiba, para poder recuperar as rédeas sempre a tempo. O piloto automático camufla a intuição. A ela sim, percebo a importância de se dar ouvidos, mais que ouvidos, a importância de se dar passagem! Dar ouvidos, corpo e alma. Substância a nossa intuição. Ultimamente minha vida tem sido pródiga. A natureza tem sido pródiga. E minha intuição voltou a me falar!

Ainda sobre o tal piloto automático. Foi a observação mais complexa, o problema maior que tive que enfrentar na primeira pintura, a do ciclo da Vida, com o tema dos animais de poder. Acabada de chegar de viagem, meia noite de sono, o corpo ainda não adaptado, um pouco de “alterofilia físico-espeirito-emocional-artistico-criadora” rolou sim. E nessa alterofilia momentos de desencontro, de desconexão, dificuldade em encontrar o jogo, o grupo, os olhos. Qual o direcionamento(interrogação) Para quem fazemos(interrogação) Senti muito nitidamente os momentos em que entrava em chaves de representação. Me sentia tosca. Me sentia cansada, no entanto, não respeitava este cansaço, como se alguma meta devesse se cumprir, algum compromisso histérico com a vitalidade. É tanta bobagem que a gente põe na bagagem!

E pensar que

se toda chispa estalada da fogueira

virasse estrela verdadeira

colada na tela do céu

A noite seria tão clara!

A noite seria brilhante!

Seria...

o dia do dia!

De noite já seria amanhã!

Ufa! Cansei!

De noite eu durmo.

E pensar em

Toda chispa estalada da fogueira

Virando estrela verdadeira

Colando na tela do céu . . .

Escrita fluida sobre a vivência do sexo e nossas intensidades até então

A dificuldade em verbalizar, concatenar idéias. Dizer o que não vem da ordem das palavras, contemplar o que transborda qualquer dos nomes antes experimentados. Criar novos nexos. Na insistência e na prática do pensamento e da elaboração do subjetivo em outras linguagens é que esse se faz livre e criativo. Insistir. Teimar. Com suavidade, com persistência. Superar minha descrença em mim e seguir. Sempre seguir. Olhar o presente como perfeito e saber se entender e colocar dentro dele é prática de sabedoria, não de resignação, como eu poderia pensar há alguns dias. respiro.

Percebo que estaremos sujeitos a intempéries físico-emocionais e que devemos estar preparados para enfrentá-las sem culpa. Só a ausência de culpa é que permite que a cura se processe. Aqui tudo parece tão simples. A possibilidade da auto-observação, meditar-se a todo o instante e olhar-se como um rio a passar, sem se apegar a qualquer imagem prévia que se possa ter de si mesmo. Um imenso privilégio! É a prática do cuidado de si. Cuidar de si no outro. A ética do cuidado de si como prática da liberdade (Vale a referência a este texto do Foucault). Respeitar o próprio retiro, a própria debilidade. Não ser violento nas cobranças, esperando que o mundo pare de girar porque você gripou, ou porque quebrou o maxilar. Torçamos então para que a roda da vida gire e gire mais! e continue a girar e que as pessoas cresçam e que possamos, de fato, nos unir, nos irmanar em nossas potências. Na perfeição de nossas potências, sem falsas expectativas, criamos redes. Na expectativa criamos a falta.

Olhar o presente como perfeito e se compreender com perfeição dentro dele.

Amor, alegria e liberdade.

Amor, alegria e liberdade,

Amor alegria e liberdade!

...

Simples assim .

Entre um ponto e outro

O infinito

......................................

Simples assim

!

Na Kundalini encontrei um lugar de delicadeza. De suavidade no cuidado com o corpo, desfrute do prazer que posso propiciar a meu corpo e muita firmeza depois de um justo prazer. Sentei sobre o ísquios realmente habitando o corpo, sentei em mim como quem senta num trono, ali eu poderia ficar horas a fio e estaria pronta, firme como uma rocha que tudo testemunha, muito cala em suas marcas de tempo e só revela o essencial, sabedoria... A busca por uma não representação. Para não se representar na vida, deixar a força agir, ouvir as forças internas que pedem passagem, que se querem manifestar por canais livres. Hei de ser vigilante, agir com escuta constante para não me esconder de mim.

descolando...

Mavu, Osho leu Freud(interrogação)

Planalto Vulcânico ou Canto das Tartarugas, um dos meus muitos lugares no mundo!


. . . Quando os olhos se encheram de imensidão o peito careceu de fôlego . . .

Achei meu lugar no mundo. Quando achei meu lugar no mundo. Quando achei meu lugar no fundo de mim. Senti completude. Esqueci—me. Abandonei-me. Plenivivi! Um ponto, um átimo. Éramos eu e a pedra. Eu e a pedra do topo do mundo. Eu e o calor da pedra do topo do mundo. Eu e a segurança da pedra, no topo do mundo! Ali nada de mal podia vir! Tenho o tamanho de uma montanha, a minha montanha, meu topo de mundo.

A pedra vibrava, falava comigo, me contava a história das alegrias do mundo, dos povos alegres que viveram ali. Ai que encanto de mundo! E a água...! Perto de água toda gente é feliz! No meio da montanha, bem no meio da montanha de pedras, uma gruta! Uma gruta e água, uma água tão bonita que sou capaz de embasbacar de novo por falta de palavra melhor, astonished! Falando assim, em outra língua, quem sabe pareça ainda mais incrível do que estamos acostumados a imaginar quando lemos.

. . . Tenho a retina inundada de paisagens! O peito pleno de gratidão e amor! . . .

Aiê mamãe Oxum! Gratidão plena meu pai Xangô!


Reflexões pré-mortais ainda sob forte impacto de pedras e pinturas! Ainda vou rebentar!

Se eu pudesse guardar algo de mim para perpetuar, para plantar na vida, como aqueles homens fizeram naquele tempo, plantaria o meu melhor. Plantaria pedacinhos de alegria, porções prontas para a germinação de boca entreaberta, de pasmo diante de tanta beleza e perfeição. Plantaria minha gratidão a todos os que viveram e morreram pela História e pela História da Pré-História. Poria na terra os meus abraços mais profundos, minhas descobertas mais puras. Contaria histórias em pacotinhos de áudio, para que meu irmão do futuro pudesse compartilhar comigo minha própria voz e diria “eu te amo” e “agradeço por me ouvir” e coisas como “sempre duvide dos mártires” ou “procure relatos sobre a Guerra Civil Espanhola, um tema da História Antiga que é bastante fascinante” e, claro, “viver foi uma aventura incrível, grata por estar comigo agora!”

Estar firme sobre a rocha e sentir a vida pulsar. Compreender-me forte entre Terra e céu. Saúdo a força infinita e ancestral das pedras, que tudo observam e tudo guardam ao longo de décadas de séculos. Pedras captadoras, pedras transmissoras dessa energia vital que se perpetua, que não se esvai, que encontrou meios de se registrar e comunicar com os que vieram depois, bem depois.

Eu amo e agradeço a esses homens que registraram nas pedras, com tamanha generosidade, a sua alegria e experiência de passagem por essa existência.

I

. . . me pergunto como registrar as minhas, em amor aos homens do futuro!


! ! ! Necrofilia é amor ao futuro ! ! !

(Heiner Muller)

Nesse percurso de ida à Morte o que eu saúdo e o que começa a morrer(interrogação)


Eu saúdo o serviço, ao que posso aprender com meus amigos,

Eu saúdo ao Mavú!

Eu decreto a morte feliz ao Migué!

MORTE AO MIGUÉ!

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