11.19.2010

Uma folha, de uma árvore, em seu breve tempo de verde, marrom, seca queda ao vento e jaz adubo; não pode apresentar em seu pouco corpo toda a extensão da copa, o largo tronco crescido sob muito ciclo de sol e chuva, as raízes fincadas à terra com todo o odor que o sangue da seiva revelou no empenho de existir. Uma folha não traz a árvore, mas a contém. Uma folha não traz toda a respiração vivida pela árvore em sua face de ser e fazer vida, não traz, mas a representa. Uma folha árvore é.
Uma árvore não traz em sua fronte todo o empenho da Terra em fazer-se, ao longo de milênios e milênios de anos, pra se pensar apenas nos transcorridos pelo relógio. Uma árvore não traz a Terra, mas a contêm. Uma árvore Terra é.
E o tempo que corre, que faz a Terra girar, a árvore crescer, a folha cair, não tem começo, meio ou fim. O Tempo que corre não tem cabeça nem rabo, o Tempo que corre não tem contorno, não tem limite, não se pode contê-lo, apenas, é. O Tempo é; do ser que nehuma cabeça poderá conter ou apreender. Do ser que é, e ponto.
Assim, ao olhar uma árvore não se poderá apreender a vida, mas aprendê-la. Aprendê-la ensina que só é possível apreender a vida ao tomar o instante, e tomar o instante apenas é, se é. Se for. Se ser.
Assim, ao olhar a folha não se poderá tomar de rabo a rabo a árvore, mas dará pra alcançar e pousar as vistas numa fagulha espiralada que traz em si a eternidade. Ao olhar a folha não se verá a eternidade de cabo a cabeça, mas a eternidade será e se fará, pois eternidade só é, se é. Se for. Se ser.
Assim, ao olhar a eternidade não se verá onde tudo começou, pra onde foi, irá. Ao olhar a eternidade se verá, se estará em ver, ao ver; se verá a eternidade se ser. E só se verá, se for, se ser, se é.

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