3.18.2010

Hoje mesmo a noitinha me bateu uma saudade, saudade. Saudade, a certeza de estar irremediavelmente no presente. Presente, em pensar que o céu que nubla lá fora é exatamente, neste instante, o mesmo que voa pelas asas do Piauí. Que sobrevoa a possivelmente inabitada Casa dos Oitenta agora. Este céu, que não pairam dúvidas, é um chão floreado de estrelas. Com lua minguando tão clara que é de faltar ar em qualquer peito, e nestes sensíveis peitos ainda, quem dirá.
Hoje mesmo me bateu saudade, do Seu velho Chico dos Macacos. Por onde andarão tão astutos pés? Pelas asas das proteções mágicas da Senhora Dona da Mata, não é de dar dúvidas. Pelas sinfonias dos sapos que nos ensinam a respirar com a pele toda, na certa. Pelos pés de laranjeira, recostados na cadeira, partilhando nestes outros cantos a saudade que cintila pelas bandas de cá? Saudade, a certeza de estar irremediavelmente no presente. Presente.
Entre o extremo daqui e o extremo de lá, o presente. Há o presente em todos os cantos, o presente em todos os cantos nunca haverá de faltar. Falta água, falta pão, mas sol não haverá de faltar. Nem céu, enevoado, límpido, céu nunca há de faltar. E quanto mais não dirá a filosofia, entre céu e chão. E entre céu e chão quanta cabeça não há de estar. Cabeça, saltando pelos braços saudosos, com a certeza de estar irremediavelmente no presente. Presente, saudade.

Coral

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